sábado, novembro 19, 2011

A Balela de BASEL

Por Ivald Granato
Talvez a Galeria moderna/contemporânea mais antiga e atuante no Mercado Brasileiro, a Raquel Arnaud, com várias participações em feiras internacionais, sofra um corte inestimável na Feira Basel/Miami. Digo inestimável, não pela feira em si - pois pelo visto os seus critérios são questionáveis - mas por aumentar o clima de falta de transparência e confiança no atual mercado de artes e principalmente em Feiras, atualmente sob o comando de velhos e arcaicos modelos Europeus Decadente.























O pior disto tudo, é que que conta com apoio de concorrentes brasileiros dando um clima ditatorial às feiras puramente comerciais. Desculpem, mas isto é uma vergonha. Onde andam os jornalista que não investigam isso? Muitos perguntam: Quem vota na feira de BASEL? Respostas: As mesmas pessoas (vide imagem acima/esquerda). Defendendo uma agenda pessoal, estas pessoas se mantêm no committeé por anos a fio, que na verdade deveria mudar de 2 em em dois anos para evitar panelas e constrangimento. Aonde esta a imprensa que sempre divulgou "gratuitamente" essas feiras puramente comerciais. Sim, porque se a divulgação de meras feiras as levaram ao patamar de eventos oficiais e formadores de opinião do mercado de arte, elas passam a ser de interesse público, e por conseguinte precisam ser investigadas.

Por hipótese alguma sou contra feiras, muito pelo contrário, mas não podemos mudar a concepção do que venha a ser uma feira. Por que feira é feira, só São Paulo tem 360 feiras diárias. Quando vão ter consciência que feira não passa de uma feira - Acho que vou propor uma barraca de pastel assinada por artistas. Chega de desrespeito à arte e ao público. Chega de egos inflados, ciúme e de um sistema ditador que só serve para esquentar as feiras comerciais de cartas marcadas.

Ao invés de colaborarem culturalmente com o mercado, esta panelinha tira e põe quem querem por simples ciume e ganância. Vamos aguardar e ver se de fato este absurdo vai acontecer de termos uma galeria tradicional  como a Raquel Arnaud receber um NÃO na feira BASEL-MIAMI, e pior... avalizado com voto de galeria concorrente. Repito, aonde está a imprensa ?

Aproveito para repostar este vídeo, que mostra entre várias coisas a manipulação e falta de transparência em que vivemos:



quinta-feira, novembro 17, 2011

Ivald Granato, el domador de lo vivo: Mostra Individual em Buenos Aires

De cuerpos, sellos y rituales irreverentes: Ivald Granato, el domador de lo vivo

Curaduría: Lic. Mariana Rodríguez Iglesias - Lic. María Laura García

Su nombre será Ivald Granato - Gonzalo Aguilar



Un desafío de los años por venir, en el mundo del arte, será cómo montar las muestras de arte conceptual. El problema, desde que buena parte del conceptualismo volvió la obra inmaterial, existe desde los comienzos pero con los revivals y las retrospectivas que se vienen, la pregunta se impone: ¿cómo exponer en el presente una tendencia cuyas huellas no están en un objeto en particular sino en las fotos, los registros, los catálogos o programas, las reseñas periodísticas, las opiniones de los participantes y los testimonios retrospectivos? ¿Qué hacer con su temporalidad, su duración real de performance, y su temporalidad histórica? ¿Cómo interactuar con los artistas cuando están vivos y reinterpretan lo que ya no es totalmente de ellos o, cuando están muertos, cómo traerlos a la sala de exposiciones?

El 5 de noviembre de 1978, en la rua Augusta al 2918 de la ciudad de San Pablo, un helicóptero descendió sobre el terreno (un estacionamiento para autos) en el que se estaba desarrollando el evento. La gente reunida se hizo a un lado para que del helicóptero bajara un hombre disfrazado que decía no ser Cicillo Matarazzo, el conocido empresario y marchand de arte paulista que impulsó la primera Bienal en 1952. En su habitual estilo delirante, el hombre disfrazado (en realidad, el artista Ivald Granato) hizo su performance [...]*

*el resto del escrito podrá ser leído como parte de la exposición a inaugurar este viernes 18 de noviembre.

Se trata de la primera exposición individual de Granato en Buenos Aires, en la que se mostrará un recorte de su producción vinculado al arte correo, la documentación y la performance, terrenos que el artista paulista frecuenta desde mediados de los años 60s y que lo llevaron a producir obras junto a artistas como Ulises Carrión (O Domador de Boca, 1978, Amsterdam), Helio Oiticica, Ligia Pape, Marta Minujín y Alfredo Portillos, et. al. (Mitos Vadios, 1978, San Pablo).

Document-Art Gallery nace en 2009 como una singular propuesta dedicada a preservar y valorizar el arte conceptual de America Latina. Con un espacio de 120m2 propios, nivel de especialización profesional y gestión bibliográfica, la Galería selecciona cuidadosamente artistas y obras fundamentales para la comprensión de los procesos culturales desarrollados en nuestro continente a partir de los años '60.

Document-Art Gallery
info@document-art.com
http://www.document-art.com/
apertura: 18 de noviembreDocument Art Gallery
Loyola 32 -Buenos Aires
T + 54 11 48 57 91 75



terça-feira, novembro 01, 2011

Caminhos Efêmeros da Poesia | Intervenções no Parque Ibirapuera

O Parque do Ibirapuera está recebendo novos hóspedes e já se acostumou com outros recém-chegados, todos eles vindos do universo artístico da Cidade. Um deles é a instalação Caminhos Efêmeros da Poesia, da poetisa Rita Alves, que chegará ao parque em novembro.


A intervenção consiste em gravar frases e poemas no asfalto e em meio às raízes das árvores que margeiam o lago próximo da Praça da Paz, em um trajeto de aproximadamente 600 metros. Os poemas serão grafitados pelos Gêmeos da Arte, Anderson e Robert Pinheiro, aliando versos, artes visuais, propostas culturais e ambientais. A idéia de concretizar a poesia pelos caminhos do parque foi do diretor do Ibirapuera, Heraldo Guiaro, que pretende abrir a possibilidade de utilizar esse espaço para novas intervenções efêmeras. “A idéia é estimular os visitantes diante desta proposta, para que eles se sintam parte integrante do processo poético, que passem a transitar pela obra, interagindo com o espaço da natureza, em que o meio ambiente é o principal veículo para a mostra da curadoria de poemas”, explica Guiaro.

Poesia não tem hora
No mesmo dia, haverá a instalação da obra Poesia não tem hora – também criação de Rita Alves e do artista plástico e publicitário Lee Swain, que montará um relógio de sol em meio ao parque. A cada hora marcada, uma poesia representará o numeral em placas de pedra. Serão 12 placas de formato irregular, com 12 poesias gravadas de 12 artistas diferentes. As pedras serão colocadas em torno de uma árvore, e a sombra desta árvore fará o papel do ponteiro, assinalando as horas em cada uma das poesias.
Os visitantes poderão pisar nas horas e nas placas dos versos e escolher a leitura de poetas contemporâneos como Alice Ruiz, Lívia Garcia Roza, Guilherme de Faria, Reynaldo Bessa, Rita Alves, Roberto Piva, Luis Serguilha, Pedro Vicente Alves Pinto, entre outros. A cerimônia de inauguração das obras será marcada por apresentações musicais de Os Chorões, Orquestra Filarmônica do Theatro Municipal e Os Trovadores Urbanos, além da leitura de poemas por Luciana Vendramini, Jayme Periard, Cássio Junqueira, Pedro Vicente Alves Pinto, Guca Domenico e Heraldo Guiaro.

Recém-chegados
Entre os recém-chegados ao parque, estão a Mantra Dinamus Estelar, do espanhol Jaime Prades. Era só uma caixa d´água em formato cilíndrico, com mais de 10 metros de altura, localizada entre os prédios do Museu de Arte Moderna (MAM) e a Bienal, no Parque Ibirapuera. Até que Prades resolveu transformar aquela superfície de alvenaria com muitas marcas urbanas e pichações em uma grande tela, pronta para receber pinceladas e cores vivas, misturando e transformando tudo em arte
O trabalho do artista espanhol dialoga com a realidade e as características urbanas grafadas ali, agregando valor ao incluí-las dentro de uma obra cultural. “Essa ‘sujeira’ aos olhos da maioria precisa ser vista, tornada visível através da consciência sobre a realidade de nossa cultura, onde predominam os valores de consumo, aparência e onde o dinheiro é Deus”, afirma Prades.

A caixa de concreto que se transformou em arte também inverte a relação dominante da Cidade, onde as edificações dominam as árvores. Ali acontece o contrário – a caixa d’água está rodeada pelo verde, como um remanescente de uma cidade ou de uma civilização perdida. no tempo. É nesta poética, do tempo e da memória, do estranhamento e do conflito entre natureza e cidade que o artista atuou.
Jaime Prades é um dos artistas pioneiros da arte urbana de São Paulo da década de 80. Seus grafismos fazem parte da identidade visual de São Paulo.

O artista Antonio Peticov também usou o espaço do parque e a natureza para fazer sua arte utilizando o conceito da não-perpetuação. As folhas de árvores caídas na terra serviram de inspiração ao artista, que desenhou um círculo movimentando as folhas para fora, formando um círculo traçado pelo marrom escuro da terra, que estava por baixo das folhas “É na efemeridade deste trabalho que a arte se justifica, como complemento da forma circular, metáfora profunda de ciclo, de princípio e fim, amalgamados até que não se reconheça onde foi o ponto de partida”, explica o artista.

Assim, o próprio tempo cumprirá a função de apagar as marcas humanas, pelo efeito do vento. “Neste trabalho sou o agente humano que desperta os nossos olhos para o trivial da natureza, que não deixa de ser sempre uma surpresa, uma possibilidade de expressão”, conclui Peticov.

Serviço:
Caminhos Efêmeros da Poesia e Poesia não tem Hora
Data: 5 de novembro
Hora: das 18h às 21h
Local: Margem do lago 2, próximo da Praça da Paz
Mantra Dinamus Estelar
Data: Obra permanente
Local: Bosque entre os prédios do Museu de Arte Moderna (MAM) e a Bienal
Informações Parque Ibirapuera: 5574-5177
Fonte: Prefeitura de São Paulo


terça-feira, outubro 11, 2011

LUIZ CAVALLI :: Individual na Mercearia São Roque

O Artista Plástico Luiz Cavalli abre mais uma exposição individual na Mercearia São Roque na próxima segunda-feira, dia 17.10.2011. Vernissage a partir das 19h00.


Nascido no Rio Grande do Sul, desde 1965 ele adotou São Paulo onde vive. Sua linha de produção artística é enriquecida pela formação como publicitário, o que o levou a explorar todos os recursos da internet para divulgação de sua obra. Embora o vários rótulos atribuídos a seu estilo, como o de neo-expressionismo, figurativo e fauvista, tem-se revelado com uma pintura forte e característica pelo uso de cores primárias e temas do cotidiano. Fotos pessoais e imagens de livros são grandes fontes inspiradoras para o artista.

Exposição LUIZ CAVALLI
17 de outubro de 2011
MERCEARIA SÃO ROQUE
Rua Amauri, 35 - Jd. Europa S.P.
Info: 11 3062 2612

terça-feira, julho 26, 2011

Ivald Granato :: A Multitasking Artist

Versão traduzida. Originalmetne Publicado em 24.07.2011 por: www.artistshowdown.com

Ivald Granato é um profissional completo: Performático, artista visual, escultor, gravador, artista de vanguarda ... é de fato o que se chama de 'multitasking artist'. Para muitos ele é um incansável L'enfant terrible. Com 60 anos, há mais de 40 ele participa ativamente do cenário artístico brasileiro e internacional. Com uma lista interminável de mostras individuais em Museus e Galerias de Arte em todo o mundo, ele não para. Por tudo que ele já fez e acumulou, ao longo dos anos, muitos poderiam achar que ele levaria uma vida descansada e confortável em sua bela casa em São Paulo, ou simplesmente gastando o seu dinheiro viajando ao redor do mundo. O que não vem a ser tão longe da verdade; mas ele nunca foi capaz de se acomodar e domar o seu espírito 'quixotiano'. Granato é incontrolavelmente inquieto. Independentemente se ele está viajando ou em seu ateliê, está sempre pensando em novas maneiras de fazer as coisas, bem como de contrariar o mercado das artes, que ele chama frequentemente de manipulado e manipulador.

Granato agora está na reta final dos preparativos da sua próxima mostra. Na verdade se trata do início de uma turnê com duração de apenas um dia em cada cidade, no formato pop-up. Acontecerá em várias cidades no Brasil e Europa. Neste projeto ele traz de volta um pouco das performances que ele tanto fez com Helio Oiticica, nas décadas de 70 e 80, mas com uma linguagem atual e antenada. A mostra se chama "RockShow - Parece que foi Ontem". Nela teremos projeções de vídeos de performances atuais e antigas, assim como uma exposição exclusiva de 30 gravuras, cada uma com tiragem limitada de 3, medindo 54 x 39 cm, da sua série "Grafhis" - criada em sua viagem este ano pela Europa.

Exposição (1 dia apenas):
Dia 09 de agosto, às 20h.
GALERIA GARCIA- Rua Auriflama 87- SÃO PAULO.


Versão Original:

Ivald Granato: The performer, the visual artist, the sculpturer, the engraver, the vanguard and multitasking artist. For many he is a resteless L’enfant terrible. At the age of 60, he has been active and engaged in the Brazilian and international art scene for the past 40 years. With an endless list of solo shows in Museums and Art Galleries around the globe, he is non stop. For all he has done and for all he has gained, throughout the years, one would guess he ought to rest and live his comfortable life in his amazing house in Brazil or simply spend his money and time traveling around the world. That isn’t far from the truth. However, he has never been able to tame the uncontrollable and restless ranger he actually is. Regardless if he is traveling or is in his pad, he is always thinking about new ways of doing things, as well as contradicting the staggered art scene he often calls manipulated and manipulative.

He’s now working on a new show format, actually it’s a 1 day pop-up show where he brings back the flair of the performances he used to to with Helio Otiticica, back in the 70’s and 80’s. It’s called “Parece que foi ontem”, something like ‘It seems like yesterday’.

The show embodies video projections of late and early performances and an exclusive exhibition of 30 prints, each one is a limited edition of 3 - 54×39cm from the series ‘Grafhis” gathered from his latest fact finding trips around the world. It will take place at Galeria Garcia, located on Rua Auriflama 87, in Sao Paulo. Save the date: August 9 at 8PM.


We borrowed the words of Jacob Klintowitz, one of the greatest art critics in Brazil, to better portray Ivald Granato’s multitasking profile.

“When we view Ivald Granato’s paintings, we often get the impression they were made quickly. Some could not have taken more than a day to come to being. That is indeed the truth. They were created in exactly forty years and a day.

Throughout the last forty years, Ivald Granato has been a constant and forceful presence in Brazilian art. During this time he did practically everything an artist can possibly do in the XX and XXI centuries: painting, drawing, sculpture, objects, ceramics, installations, performance, postal art, works in progress, muralism, art books, urban interventions, alternative journalism. It is through such restless and intensely participative activity that one can understand the history of our art simply by observing Granato’s work throughout its course. It is difficult to understand the history of Brazilian art without acknowledging the presence of Ivald Granato.

As an artist, Ivald Granato is gifted with a rare peculiarity. He organizes movement, gesture and energy and his creative process is similar to the result of painting. His ahs a particular method, of energetic impulse and a visceral dive into the construct of the figure. Notice how his figures – the core of his work – convey incessant movement as if the brush had a frenetic life of its own. The figure takes shape without prior drawing, without the need of a single stroke of contour, as it is established by the relationships among the internal pictorial volumes.

Ivald Granato is a gestural artist. Ivald Granato is an artist who immerses himself in the act of creation. For Ivald Granato, the creative gesture is also a body movement, a dance, particular and unique. And paradoxically, Ivald Granato, a member of our vanguard, an icon of the contestation movements and of the pursuit of new languages, is a classicist, given that the manner by which he constructs the figure – through the relationships among internal volumes – is best exemplified by the emblematic work of Paul Cézanne.”

Jacob Klintowitz

sábado, maio 21, 2011

MAM-SP rejeita doação de 14 obras do pintor Ianelli

Sexta, 20 de maio de 2011, 08h09

Por Claudio Leal para Terra Magazine

O conselho consultivo do MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo rejeitou a doação de 14 obras do pintor e escultor Arcangelo Ianelli (1922-2009), um dos mais importantes e valorizados artistas plásticos brasileiros. Ianelli doou, em testamento, cerca de 170 obras representativas de sua trajetória para o acervo de 16 museus nacionais e estrangeiros. O museu paulista foi o único a rejeitar a oferta e surpreendeu os filhos do pintor, Kátia e Rubens.

"Tinha redundância em relação ao que a gente já tem do Ianelli", argumenta o curador do MAM, Felipe Chaimovich, em conversa com Terra Magazine. Apenas duas das 14 peças foram consideradas como não-redundantes pelo conselho formado por Annateresa Fabris, Luisa Duarte e Lauro Cavalcanti. A recusa também se fundamenta na ausência de recursos para pagar o imposto de transmissão das obras. "Não tinha nada previsto em termos do nosso plano anual", acrescenta Chaimovich.

Na carta enviada à família, em 24 de novembro de 2010, o curador não mencionou as justificativas. "O Conselho Consultivo de Artes do Museu de Arte Moderna, em sua última reunião, posicionou-se contrariamente à entrada dessas obras no acervo do museu. Assim sendo, entendemos por bem recusar as mesmas", informa, secamente, o documento.

"Houve rejeição ao artista", diz família

Depois de ser informada sobre os fundamentos do veto, Kátia Ianelli consultou o advogado da família e soube que os museus estaduais estão isentos do imposto de transmissão, o que favoreceu a Pinacoteca de São Paulo e o Masp. Ela contesta, mais energicamente, a tese da "redundância". "A nossa primeira preocupação é ter, por impresso, todas as obras que cada museu possui. Na primeira carta da proposta de doação, eu fazia referência a esse cuidado: nós iríamos contemplar os museus com fases que eles não tivessem, com trabalhos inéditos", relata Kátia.

A filha do pintor enumera as novidades para o acervo: "O MAM não tem nenhuma escultura do meu pai. Estavam propostas duas esculturas e mais uma escultura em madeira. Não tem nenhum pastel. Estavam propostos vários pastéis. Nenhuma transição e nenhuma arte figurativa. Eles não tinham nada dessas fases e dessas técnicas, como escultura de mármore, relevo pintado, que foi o último segmento da obra do artista, com 30 exemplares - e um deles estava indo pro MAM. Tudo que foi proposto era inédito. Se nada disso era contribuição, acho que eles não queriam mesmo a contribuição do artista, e não das obras".

A presidente do MAM e uma das principais acionistas do Itaú, Milú Villela, não retornou ao telefonema da reportagem. Em 20 de dezembro de 2010, ela recebeu uma carta dos filhos de Ianelli, na qual se lastima a recusa e se ressalta "a trajetória do artista nessa entidade", bem como a "história profissional, reconhecidamente destacada no panorama da arte moderna do Brasil". Arcangelo Ianelli integrou o conselho do MAM e ajudou a criar a biblioteca Paulo Mendes de Almeida. Por considerá-lo um dos seus museus favoritos, ele estimulava outros artistas a doarem suas obras para fortalecer o acervo.

"A gente entende que um museu deve saber o que é relevante. Parece que o MAM ficou sem memória e esquece um artista importante, que teve seu momento na arte brasileira", critica o artista plástico Rubens Ianelli. "Existe uma memória seletiva e um ponto de vista pessoal. Não é uma visão mais abrangente, mais aberta, sem tendências. É preciso ter essa história", reforça o filho.

O exemplo do MAM não foi seguido por outras instituições, que reagiram com entusiasmo ao testamento de Ianelli: o Museu Afro Brasil, a Pinacoteca, o Mab/Faap, o MAC (USP) e o Masp, em São Paulo; o Museu Nacional Belas Artes e o MAC de Niterói, no Rio de Janeiro; o Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte; o Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba; e o Margs, em Porto Alegre.

No exterior, o Malba e o Museu de Belas Artes, na Argentina, o Museu do México e o Museu de Arte Moderna da Colômbia. "Emanoel Araújo, diretor do Afro Brasil, vibrou com a notícia e foi o primeiro a incorporar as obras, em março de 2010", conta Kátia. O MAM-RJ ainda não se posicionou sobre a oferta.

Ferreira Gullar: "Estou perplexo"

O poeta e crítico de arte Ferreira Gullar, 80 anos, revela "perplexidade" com a decisão do museu. "A princípio, me parece um pouco estranho. Sem examinar, sem conhecer as razões, é difícil que uma instituição se negue a aceitar uma doação de um artista da importância do Ianelli. É, de fato, surpreendente. Eu era amigo do Ianelli, admirava a obra, sem dúvida eu lamento isso. É uma coisa estranha... Só digo a você que estou perplexo, perplexo, não estou entendendo nada".

Ao ser informado sobre as justificativas do museu, Ferreira Gullar reforça a estranheza. "Nenhuma instituição se nega a aceitar as obras de um artista da importância do Ianelli, porque isso enriquece o acervo. É estranho. O museu deve ter lá suas razões, mas, olhando assim de longe, eu confesso que estou surpreendido".

Com sentimento idêntico, o museólogo e ex-curador do Masp, Fábio Magalhães, destaca a importância artística de Ianelli. "Seguramente, seu papel histórico está crescendo com o tempo. Ele é um artista que ultrapassou as fronteiras do Brasil, passou as fronteiras internacionais. É indiscutível. Há depoimentos críticos sobre isso. Eu me surpreendo. Estou criando o Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (SP) e solicitei à família que doasse algumas obras, porque ainda não existia quando ele fez o testamento. Temos interesse em receber as obras de Ianelli", enfatiza.

Magalhães avalia que os museus podem se equivocar nas suas escolhas. Fundado em 1931, o Whitney Museum of American Art foi criado a partir de uma coleção de arte americana rejeitada pelo MoMA (The Museum of Modern Art), de Nova Iorque. "Depois, ele voltou atrás e hoje tem uma coleção americana enorme. Os museus também se equivocam e, muitas vezes, isso fica claro num pequeno período de tempo. É humano, as pessoas se equivocam", afirma o crítico. "Sei que a Kátia Ianelli é muito atenciosa nessas coisas. Não acredito que ela não tenha visto as obras existentes para fazer uma doação criteriosa. A única coisa que posso ficar é surpreso".

O diplomata Gilberto Chateaubriand, dono de uma das maiores coleções privadas de arte brasileira, cedida em comodato ao MAM do Rio de Janeiro, prefere não opinar sobre o assunto, por não ter acompanhado de perto. Ele apenas relata que os museus internacionais costumam acolher essas doações, "desde que tenham disponibilidade física e interesse cultural". "Mas é o Ianelli, meu Deus", diz.

O testamento

"A gente não sabia da existência do testamento", relembra Rubens Ianelli. "Ele já tinha uma listinha. A doação era um consenso aqui em casa". Em conversas com os filhos, o pintor manifestava a vontade de doar as obras mais representativas para alguns museus brasileiros e internacionais, num esforço de permanência artística. O trabalho de catalogação, com o rastreamento de quadros e esculturas, já dura oito anos.

Após a morte de Ianelli, Kátia iniciou a seleção, amparando-se nas velhas indicações do pai. Rubens cuidou do encaminhamento das obras para os museus. Cada instituição recebeu uma pasta com a ficha catalográfica.

Em março de 2011, o Mon de Curitiba realizou a primeira mostra dos 16 quadros doados por Ianelli (contava com apenas três obras dele no acervo). E exemplares da fase figurativa agora se encontram na Pinacoteca de São Paulo. A partir dos anos 60, Ianelli se dedicou ao abstracionismo informal e chegou, na década 70, à abstração geométrica, com retângulos e quadrados interpenetrados.

No mercado, suas obras têm valorização crescente. Em agosto de 2009, num leilão realizado no centro de convenções B'Nai B'Rith, em São Paulo, os lances iniciais de dois de seus quadros foram de R$ 200 mil e R$ 150 mil.

"Com o MAM, ele tinha uma relação diferente, porque participou desde o começo, criou a biblioteca que não existia e fez a primeira retrospectiva lá", recorda-se Rubens. O destino das 14 obras rejeitadas depende da Justiça e ainda não está definido. Um gesto raro de doação segue suspenso no ar, sem moldura.

Confira obras de Ianelli que não foram aceitas pelo MAM-SP

Claudio Leal

Terra Magazine publica as imagens de quatro das 14 obras do pintor, desenhista e escultor Arcangelo Ianelli (1922-2009) rejeitadas pelo Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Doadas em testamento, elas representam diversas fases do artista: quadros da fase figurativa e da transição; esculturas em granito preto, mármore e madeira pintada; relevo pintado (o último trabalho do artista); três pastéis geométricos, um pastel pós-geométrico e três pastéis da última fase.


Escultura em granito preto.


Óleo sobre madeira/ Sem título (2000).


Obras que seriam doadas ao MAM-SP englobam várias fases de Ianelli, um mestre da abstração geométrica.


Na lista de obras que seriam destinadas ao MAM-SP, filhos do pintor procuraram contemplar as lacunas de Ianelli no museu.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Anunciado curador da 30.ª edição da mostra brasileira de arte, em 2012, o venezuelano Luis Pérez-Oramas detalha seu projeto

Por Camila Molina - Estadão, 15.2.11

BIENAL DOS LATINOS

O Retorno das Poéticas é o título do projeto do venezuelano Luis Pérez-Oramas para a 30.ª Bienal de São Paulo, que ocorrerá em 2012. Definido pela instituição como o curador-geral da próxima edição da mostra, Oramas sai a partir de abril de licença temporária do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), onde é curador de arte latino-americana, para se dedicar ao desenvolvimento da exposição brasileira. "Discute-se muito sobre o esgotamento do modelo Bienal, mas acho que com a de São Paulo é o contrário, porque ela tem uma história própria e um vínculo orgânico com a cidade", diz Oramas ao Estado, em entrevista por telefone.

Potencializar, como afirma o venezuelano, a relação entre o local e o internacional, com força na arte latino-americana, que vive seu "momento de ouro", vai ser o desafio de seu projeto para a 30.ª Bienal de São Paulo, programada para ser inaugurada em setembro do próximo ano no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera. "Todas as ideias globais começam sendo ideias locais", continua Oramas. "A 30.ª Bienal será de revelação de artistas da América Latina que não foram suficientemente reconhecidos, sejam os de metade de carreira ou jovens", diz.

Colocar um estrangeiro com o estofo de Luis Pérez-Oramas à frente da próxima edição do evento vai ao encontro da política de internacionalização engendrada pela atual direção da Fundação Bienal de São Paulo. Mais ainda, não é de agora a relação do curador, que vive em Nova York, com o Brasil. Nascido em Caracas, em 1960, em 1998, ele fez a curadoria de mostra do pintor venezuelano Armando Reverón (1889-1954) na 24.ª Bienal de São Paulo; em 2007, foi cocurador da 6.ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre; e recentemente foi o responsável pela exposição O Alfabeto Enfurecido, com obras da suíço-brasileira Mira Schendel e do argentino León Ferrari e que entre 2009 e 2010 foi exibida no MoMA, no Museu Reina Sofia (Madri) e na Fundação Iberê Camargo. Ainda, o trabalho de Oramas - que também já foi curador da Coleção Patricia Phelps de Cisneros - no museu de Nova York tornou-se fundamental para a entrada de obras de artistas brasileiros para o acervo da instituição norte-americana, uma das mais importantes do mundo.

Campos. Desde outubro a Fundação Bienal de São Paulo veio realizando o processo de seleção do curador-geral da 30.ª mostra, iniciado com a sugestão de um primeiro time de 20 candidatos. Ao chegar ao filtro de 3 nomes, a instituição pediu, em novembro, que fizessem projetos para avaliação. O de Luis Pérez-Oramas, escolhido pela diretoria da Bienal, já tem seu orçamento em torno de R$ 25 milhões, como afirma o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Heitor Martins. Também estão previstas itinerâncias da 30.ª mostra em 2013. Oramas ainda indicará a representação brasileira na 55.ª Bienal de Veneza.

Definindo ainda O Retorno das Poéticas, o curador, que escolheu como cocuradores o alemão Tobi Maier e o artista gaúcho André Severo, cita que a próxima edição vai ser uma exposição balanceada entre "o excesso e o escasso" - no ano passado, a 29.ª Bienal exibiu 850 obras de 159 artistas - e com número considerável de obras criadas especialmente para o evento. "Uma Bienal de articulações e não de individualidades", completa Oramas. Sua meta é anunciar a lista de artistas até setembro deste ano.

O curador indica quatro "zonas" importantes de seu projeto, como a questão da memória; o tema de "como as poéticas alternam formas conhecidas"; as derivas na arte contemporânea; e as "vozes" - das obras e do público de arte.

Nesse sentido, a 30.ª Bienal não vai se restringir à mostra no prédio da instituição, mas contemplar o que o curador chama de "campos expandidos", ou seja, atividades que envolvam internet, rádio, comunidades locais, museus e instituições e o projeto educativo, que mais uma vez será coordenado pela artista e educadora Stela Barbieri.

Números

25 milhões de reais é o orçamento prévio da 30ª Bienal de São Paulo, programada para ser inaugurada em setembro de 2012

700 mil reais é o montante usado para a representação nacional brasileira este ano na 54ª Bienal de Veneza, que terá uma instalação de Artur Barrio, artista português radicado no Brasil

12 a 15 itinerâncias da 30ª Bienal pelo Brasil, em 2013, já integram o projeto selecionado

ELE E O BRASIL...



No mesmo pavilhão

Em 1998, Oramas realizou a curadoria de mostra do pintor venezuelano Armando Reverón(1889-1954) para o núcleo histórico da 24ª Bienal de São Paulo, considerada um marco.

Alfabeto Enfurecido
Luis Pérez-Oramas foi também responsável pela mostra com obras da artista suíço-brasileira Mira Schendel (1919-1988) e do argentino León Ferrari, nascido em 1920.



quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Música: patrimônio imaterial do Brasil :: Por Rita Alves

Por Rita de Cássia Alves - Revista Lusofonia

A música se insere num contexto único, pois faz parte da cultura de um povo, ultrapassa os limites do concreto, e se funda como legitimação de uma maneira de expressão que ganha caráter de tradição e se contextualiza em sua época, registra subjetivamente a organização social e cultural de um determinado povo, de um determinado grupo.

A Música Popular Brasileira, nas suas mais diversas representações, proporciona para as atuais e futuras gerações o acesso a expressão, ao rosto, a feição de quem fez e faz a fusão cultural brasileira, uma das mais expressivas expressões musicais do planeta e, sem dúvida, o carro-chefe de nossa cultura, a mais abrangente e popular forma de expressão do povo brasileiro, patrimônio imaterial de nossa formação cultural.

Mais que em qualquer outra expressão cultural, é na música que podemos vivenciar a presença das diversas vertentes étnicas que forma nosso Brasil. Em especial, ao escrever para este site, que conjumina países de língua portuguesa, mais propriamente formadores de nossa gente, de nosso povo – lembrando Darcy Ribeiro – é prudente lembrar que em cada um dos diversos ritmos podemos fazer uma pesquisa de origem dos sons, das pessoas que se agregam em torno de determinados gêneros.

O impressionante é que, sabidamente, a língua portuguesa não tem uma estrutura e nem sonoridade acessível aos alheios e estranhos a ela, mas em oposição extrema está a capacidade de a música brasileira adentrar aos mais diversos nichos culturais, em quaisquer continentes, num testemunho de que a melodia, o ritmo, em comunhão com as palavras da nossa língua, exercem um poder soberano de sedução aos ouvidos, numa quase inexplicável harmonia que nos dá a graça de ter tanto grandes mestres clássicos, como Heitor Villa Lobos ou Carlos Gomes tanto quanto o samba em sua maior expressão: o carnaval.

Mesmo dentro destes gêneros aparentemente inconciliáveis, é possível perceber a preocupação do mestre Villa Lobos em recolher as mais simples expressões populares, sons que remetem às origens culturais, às produções de saberes locais, valorizando tradições caipiras, regionais, ao mesmo tempo em que busca romper com padrões limitadores da criação.

Assim também nos surpreende a criação dos grandes mestres do samba: Angenor de Oliveira, o ícone Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, poetas conhecedores da nossa língua – instintivamente alguns, outros estudiosos cuidadosos da estrutura lingüística que rege a nossa língua pátria, como Caetano Veloso e Chico Buarque de Holanda.

A nossa constituição federal, em seu artigo 216 define muito bem o significado deste patrimônio nacional : Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”(…)”

Assim, torna-se possível não apenas deleitar-se com a expressão maior de nossa cultura, mas gerar cultura através dela, identificando-a como um patrimônio a ser preservado.

A constituição atribui ao poder público a responsabilidade de promover, proteger e conservar o patrimônio cultural brasileiro, em seu parágrafo 1º, artigo 216: “O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.”

Por isso enumerar aqui ritmos e etnias que compõe a nossa música é tarefa de árduo labor, fruto de pesquisas de homens idealistas, musicólogos, antropólogos, historiadores incansáveis que têm recolhido, tal qual o professor doutor Edilson de Lima, partituras das nossas Modinhas, cantigas do século XVII, XVII, para que não se perca parte importante de nossa formação musical, a música barroca; ou então Ricardo Cravo Albim, que recolhe em seu instituto fantástico acervo das diversas expressões, ou ainda Mário Luiz Thompson, fotógrafo que dedicou toda a sua vida a registrar a imagem visual da nossa música.

Pudera, música que tem em sua lista tantos virtuoses como Dorival Caymmi, Tom Jobim, Chiquinha Gonzaga, Altamiro Carrilho (a lista seria interminável) precisará ter espaços e suportes para gerir um patrimônio desta magnitude.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Zangões em Fúria :: Por Adriano de Aquino

Por: Adriano de Aquino
Hiperblog, 11.1.11

Sabe aquela revolução sonhada? Aquele desejo íntimo de virar o mundo de pernas pro ar? Aquela fúria contida de gritar pra toda gente sua visão de mundo como uma nova percepção, fundada numa metódica instalação do caos, que você tão bem sabe organizar. E aquela "idéia genial" que você teve na adolescência? Vai abandoná-la? Não faça isso! Reelabore a inspiração que tanto te mobilizou. Reveja os inúmeros recortes de antropologia cultural que te entusiasmaram na universidade e que resultou em muitos estudos para obras que um dia sonhou realizar.

O que você está esperando?
A hora é essa! Libere-se!Vai fundo!
As instituições públicas e privadas de arte e cultura evoluíram muito. Hoje, tudo é aceito e nada mais obstrui as ações estéticas de ponta. Nunca na historia da cultura, tirante, é claro, períodos totalitários, a arte, as instituições oficiais, a economia e o mercado resultaram em almagama tão consistente. Portanto, meu caro, não se faça de vitima da prosperidade. Ninguém escutará suas lamúrias! Mexa-se, corra atrás, procure amanhã mesmo um bom produtor, um divulgador, um agente de marketing. Sistematize seu projeto, se associe a um curador, invista nos contatos com os negociantes de arte, faça tudo que for possível, não importa o que, mas, faça alguma coisa.
Lembre-se: aprimore sua atuação na política acadêmica, produza teses, some títulos vetustos, inclua na apresentação de sua obra, citações fundamentais da arte. Cite, cite muitos nomes da vanguarda histórica, da escola de Frankfurt, de filósofos incompreendidos, mas, muito estimados, dos mitos e signos da rebeldia estética do modernismo, do pós modernismo e tudo mais que te pareça revolucionário, inquieto e transformador.
Se toque, tudo está ao alcance da mão. Ou melhor, ao alcance da oficialidade cultural, da consciência mediana e, claro, da economia.
A escalada das vanguardas contemporâneas ao topo do sistema de arte é um fato incontestável. Se inteire e participe desse avanço!
A predominância de grupos de artistas contemporâneos nas agendas curatoriais e institucionais é um marco da enternecedora conivência entre arte e sociedade. Essa maravilhosa circunstância decretou o fim dos confrontos entre liberdade criativa e preceitos coercivos de intermediação social. Não cace pêlo em ovo! Nem se abata com críticas rigorosas e bem fundamentadas contra sua obra, as despreze, pois, são apenas reações rancorosas dos conservadores.
Abandone qualquer intenção de buscar significado e beleza, esses quesitos são irrelevantes para um trabalho que objetiva expor com clareza, sem hipocrisia, a carne crua, as fezes e os berros da fauna oprimida e as entranhas da verdade e da vida.
Aproveite! O caminho está aberto, só te resta explorá-lo.
Observe atentamente os movimentos sociais de ponta, fundados nas premissas do multiculturalismo, da diversidade, da pluralidade, da multiplicidade, da heterogeneidade e variedade, na comunhão dos contrários, na intersecção de diferenças ou ainda, na tolerância mútua. Se as premissas supracitadas não podem ser aferidas na sua totalidade porque, de fato, não se concretizam horizontalmente no ambiente social como um todo, na arte, de um tempo para cá, se tornaram ocorrências sistemáticas.
Acorde, olhe em torno, veja o que seus colegas estão produzindo, siga o fluxo, elabore uma tática, copie e cole os fundamentos teóricos das lutas sociais de ponta e introjete, no fundo da sua alma, as teorias estéticas em voga. Salpique, aqui e ali, retalhos de antropologia cultural e fragmentos autobiográficos. Trace com precisão sua estratégia, arme sua rede de relacionamentos, porém, nunca se esqueça de demonstrar uma atitude contestadora. Sempre que tiver oportunidade critique com dureza todo sistema social, de dicas sobre os temas na pauta da grande imprensa, não faça silêncio, manifeste sempre uma opinião quando solicitado, seja sobre os avanços da física quântica ou educação fundamental. Aproveite qualquer oportunidade para afirmar, peremptoriamente, que sem educação o povo não terá acesso a uma cultura artística transformadora, aliás, a cultura alguma, nem mesmo a que ele próprio produz,vibra e se encanta.
A fúria, meu caro, desconhece limites!