sexta-feira, julho 16, 2010

COITO INTERROMPIDO - A BIENAL QUE NÃO HOUVE

Por: Octaviano Moniz

Fui somente numa Bienal de São Paulo.Não lembro o numero mas foi em 1987. Estava casado com uma modelo e louco para conhecer esta mega mostra brasileira. São Paulo me impressionou, tudo muito longe, e de carro, que saco! Tinha passado muitos anos em Londres mas "the tube" resolvia tudo rapidinho, até ir para o East End. Mas Washington Luis, nosso presidente, descobriu que governar era abrir estradas e deu nisso: algo indefinível. O Brasil é uma Transamazônica gigante. Agora teremos uma nova obra de arte: o trem-bala. R$50 bilhões, claro, 60% financiado com nosso dinheiro. Será que estas mega-empresas encontram esta mamata artística lá fora? Outro monumento artístico do nosso palhaço mor vai ser a Usina de Belo Monte, alagaremos 500 Km2 da Amazônia e nós financiaremos 80% da obra. Que escultura. Nem adianta dizer quanto vai custar pois tem uma palavra mágica chamada aditamento que faz 3 virar 7 em meio segundo. Breve chegaremos ao Bóson de Higgens antes do CERN na Suiça.
Mas voltando a minha visita a esta arte menor, o prédio é gigantesco e como misturam cachaça com vodka, margherita, conhaque para não tomar um porre sugiro 5 visitas. É colossal demais, não sentimos aquela intimidade com a obra, a fruição solitária de uma peça, quando menos se espera meninos passam em sua frente gritando que um é Hee Man o outro algum avatar japonês, a mãe enlouquecida atrás e a concentração já foi para o espaço. E nosso programa espacial vai uma lastima, da ultima vez acabou em explosão. Devido ao tamanho, a quantidade de visitantes, variedade de linguagens e escolas (se isso ainda existe) é uma experiência traumática, que você tem que fazer as pressas para poder concluir. Um coito interrompido. O melhor local para apreciar a mostra é em casa, sorvendo um chá de darjeeling e usufruindo o catalogo em silêncio e completa concentração. Este mega modelo para mim é caduco e só comparável a visita de uma perua-dondoca ao shoppinhg center. Em busca do não ser.

Um comentário:

  1. A Bienal de São Paulo me soa como o Salão do automovel, carros conceito, idéias mirabolantes seguindo as demandas modistas do mundo. Ali os artistas complementam sua formação junto aos livros da Taschen, um ou outro catálogo e pronto,
    as galerias locais se municiarão de novos artistas, ou artistas já estabelecidos mas renovados de alguma adição "inteligente", "sacação", substituem com pragmatismo as velhas imersões das teorias de arte. Não há mais o que teorizar, não há na arte um sistema inteligível que possamos nos apegar com algum sentido classificatório, Darwin, Marx, Freud perderam o sentido.Só a arte feminina quando alguma curadora com formação Lacaniana consegue dar algum sentido para a feminilização do mundo, ou outro curador das minorias pesca o conceito do "OUTRO" e reune etnias para o circo das artes que também não é diferente da formula um e suas aerodinamicas tão discutidas mas que nunca percebemos. A Arte Contemporânea se tornou por demais ïnteligente, a sociedade contemporanea ficou inteligente demais, no dizer de Agnaldo Faria, "para uma sociedade complexa, uma arte complexa" , tem também aquela do Fernando Cochiaralle a respeito da absoluta falta de sentido de um conjunto de artistas reunidos sob sua curadoria, "Situações Transitivas". Acho que a arte em nenhum momento da sua história foi santa, tenho um trabalho em que uso o ícone da loba e Romulo e Remo que substituo por uma hiena, animal de mandíbula mais forte que o leão, mas espera o rei terminar se repasto para comer o resto. "RESTO" é também um conceito Lacaniano, grosso modo diz respeito a tudo que é posto em baixo do tapete iraniano da civilização ocidental. Assim, são os artistas, HIENAS, secundários na escala alimentícia, vive das sobras do captalismo e hoje são mais subservientes, pois um dos novos conceitos do contemporaneo é a destruição do que chamam "autoralidade", estaria aqui um senso socialista? A arte é uma grande piada, as Bienais uma reunião de piadas sem graça, pois criticos, curadores e marchands não são comediantes nem palhaços, nós os artistas sim, bobinho, bobinhos da Corte. vauluizo bezerra

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