terça-feira, dezembro 21, 2010

Minc compra acervo de Glauber

Glauber Rocha: "o Cinema Novo é uma questão de verdade e não de fotografismo"

21/12/2010

A obra do cineasta Glauber Rocha acaba de ser adquirida pelo Ministério da Cultura. Ao todo, são 22 filmes, além de quase 80 mil documentos e roteiros produzidos por ele

Durante anos, o acervo pessoal de Glauber Rocha ficou sob os cuidados do "Tempo Glauber", Fundação criada pela família do cineasta, localizada no Rio de Janeiro. Mas, em busca de oferecer condições melhores para preservar este material, os familiares chegaram a conclusão de que o Ministério da Cultura (Minc) deveria ficar responsável pelo mesmo.

O acervo será transportado para a Cinemateca Brasileira, em São Paulo. No conjunto estão os 22 filmes feitos por Glauber, além de quase 80 mil documentos, que incluem sua correspondência pessoal, roteiros de filmes, peças de teatro, poemas e romances. Deste total, 223 roteiros e projetos de livro permanecem inéditos.

"O Tempo Glauber dá acesso gratuito a produção de Glauber Rocha para ações sem fins lucrativos. Estava muito caro mantê-lo. Então, como quase todo o acervo estava restaurado, resolvemos entrar em contato com o Minc, que se sensibilizou pela causa. O Espaço continuará a existir, mas como ponto de cultura", explica Paloma Rocha, filha do cineasta.

Prognóstico

O anúncio oficial da aquisição para o acesso público, aconteceu ontem, em Salvador, no Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha. Na ocasião, houve a exibição do primeiro filme do cineasta, "Leão de Sete Cabeças". Gravado fora do Brasil e completamente restaurado, o filme, nunca havia sido exibido nos cinemas do País. Ainda durante a sessão especial, foi anunciado o lançamento de seu DVD duplo, que terá distribuição posteriormente entre os cineclubes e as faculdades de cinema, entre outros espaços.

A compra do acervo integra parte de uma política maior de aquisição de obras do cinema brasileiro por parte do Minc, que vai disponibilizá-las ao público na Cinemateca. "Boa parte da memória do cinema nacional se perdeu, porque a preservação sempre foi precária. E, hoje, na Cinemateca, temos os melhores equipamentos do mundo", ressaltou o ministro da Cultura, Juca Ferreira.

ANA CECÍLIA SOARES
REPÓRTER