quarta-feira, julho 28, 2010

BIENAL OU POLÍTICA?

Por Julieta Pontes - Atista Plástica


A cada preparação para a bienal abre-se discussão sobre a atuação dessa instituição em seu papel de mostra do panorama da produção artística contemporânea. Interroga-se sobre sua abrangência e lealdade de intenções, essas discussões servem para decidirmos os caminhos necessários para seguir na evolução da livre expressão da arte. Porém que mudanças concretas isso nos tem levados e aonde existe a participação popular em eleger a obra para a Bienal? O que faz o público; além de atuar como observador desavisado e dirigido por um olhar personalizado, totalitário? Por que a imposição do olhar individual sobre uma realidade plural? Quais são os critérios? Políticos? Como assim nos sugere a filosofia desta 29ª Bienal?


É verdade que a arte não se dissocia da política enquanto defensora da liberdade, relatório de fatos e meio para a crítica sobre injustiças, porém a arte enquanto poesi ela é expressão de sentimento e liberdade que por si só constrói seu tempo. Por que a “elite erudita” se diz mais capaz de eleger a obra, já que nenhuma regra se aplica e a teoria não elege arte? Em vez de ensinar a olhar a obra, ao contrário, essa elite atrapalha, com seu discurso inacessível ao cidadão comum. Essa postura desvirtua a intenção da arte. A atividade da Bienal já foi promover a produção artística, agora se transformou em política, naquela política de apropriação e imposição de seus coordenadores. A arte é sim política: a partir do que reivindica, aponta e acusa. Nesse sentido vamos fazer política; vamos fazer uma política de oposição, na intenção de desfazer mecanismos viciados, e apresentar novos caminhos, não só para Bienais, mas para todas as instituições que lidam com divulgação e promoção da arte, elas devem ser reavaliadas em seus papeis e espaços. A arte, para não ser subjugada, vai às ruas como expressão mais abrangente. Tomem como exemplo os grafiteiros, a arte sempre escapa da institucionalização.