sexta-feira, julho 16, 2010

Apesar do tema da 29a. Bienal de São Paulo ser a política, seus organizadores saem pela tangente quando é hora de tomar posição

Por Marcelo Amaral Coelho. Da Via Arte.

200 obras, 148 artistas, sete curadores e um orçamento total de aproximadamente R$ 30 milhões. Esses são os números divulgados pela Fundação Bienal para a realização da Bienal de Arte de São Paulo 2010. O evento acontecerá entre 25 de setembro e 12 de dezembro no Parque do Ibirapuera.

Flertando com o poeta Jorge de Lima, autor de "há sempre um copo de mar para um homem navegar”, a Bienal 2010 vai buscar relações ou divergências entre arte e política. De acordo com Agnaldo Farias, um dos curadores-chefes, ao lado de Moacir dos Santos, a ideia é montar uma exposição que não fosse meramente contemplativa e que tentasse recuperar o debate e a celebração do encontro entre a arte e a política”.

A Bienal passada, como bem ao gosto de muitos da área, marcou pela polêmica do segundo andar vazio e a ação coordenada dos pichadores em vandalizá-lo. A ação terminou com a prisão de uma menina. Alguns enxergaram em tal atitude resquícios de arte; outros, viram apenas um ato de desordem. Aliás, seja qual fosse aquela motivação, o acontecimento rendeu: no evento deste ano os pichadores terão um espaço para exibir fotos e vídeos sobre suas obras. Parece que deu certo!

Apesar do tema ser a política, seus organizadores saem pela tangente quando é hora de tomar posição. Sobre os pichadores, o curador Moacir dos Santos se esquiva: "Não sabemos dizer se o que eles fazem é arte ou não". A Bienal é de arte ou não? A ambiguidade contemporânea aparece em outra afirmação de Moacir dos Santos: "Tomar partido explicitamente não é a nossa missão".

É aguardar para ver. Por enquanto, a considerar o que disse acima o curador Moacir dos Santos, constata-se que o vazio da Bienal passada preencheu o pensamento crítico dos organizadores da edição 2010.

Fonte: Bienal de São Paulo terá em 2010 encontro da arte e política como tema. Disponível em g1.globo.com, consultado em 28/06/2010.

COITO INTERROMPIDO - A BIENAL QUE NÃO HOUVE

Por: Octaviano Moniz

Fui somente numa Bienal de São Paulo.Não lembro o numero mas foi em 1987. Estava casado com uma modelo e louco para conhecer esta mega mostra brasileira. São Paulo me impressionou, tudo muito longe, e de carro, que saco! Tinha passado muitos anos em Londres mas "the tube" resolvia tudo rapidinho, até ir para o East End. Mas Washington Luis, nosso presidente, descobriu que governar era abrir estradas e deu nisso: algo indefinível. O Brasil é uma Transamazônica gigante. Agora teremos uma nova obra de arte: o trem-bala. R$50 bilhões, claro, 60% financiado com nosso dinheiro. Será que estas mega-empresas encontram esta mamata artística lá fora? Outro monumento artístico do nosso palhaço mor vai ser a Usina de Belo Monte, alagaremos 500 Km2 da Amazônia e nós financiaremos 80% da obra. Que escultura. Nem adianta dizer quanto vai custar pois tem uma palavra mágica chamada aditamento que faz 3 virar 7 em meio segundo. Breve chegaremos ao Bóson de Higgens antes do CERN na Suiça.
Mas voltando a minha visita a esta arte menor, o prédio é gigantesco e como misturam cachaça com vodka, margherita, conhaque para não tomar um porre sugiro 5 visitas. É colossal demais, não sentimos aquela intimidade com a obra, a fruição solitária de uma peça, quando menos se espera meninos passam em sua frente gritando que um é Hee Man o outro algum avatar japonês, a mãe enlouquecida atrás e a concentração já foi para o espaço. E nosso programa espacial vai uma lastima, da ultima vez acabou em explosão. Devido ao tamanho, a quantidade de visitantes, variedade de linguagens e escolas (se isso ainda existe) é uma experiência traumática, que você tem que fazer as pressas para poder concluir. Um coito interrompido. O melhor local para apreciar a mostra é em casa, sorvendo um chá de darjeeling e usufruindo o catalogo em silêncio e completa concentração. Este mega modelo para mim é caduco e só comparável a visita de uma perua-dondoca ao shoppinhg center. Em busca do não ser.