sábado, setembro 18, 2010

A ARTE VAI PARA UM LADO E O MERCADO VAI PARA O OUTRO

Por Leonel Mattos (BA) - Artista plástico e curador
http://leonelmattos.blogspot.com

Quando mudei para São Paulo na década de 80, fui à procura de um polo mais ativo culturamente, onde as coisas acontecessem. Na época não tinha a net e a única opção era nos deslocarmos. E em SAMPA as coisas realmente aconteciam, meu trabalho logo ganhou outra dimensão. Quando percebi que as "panelas" de interesses mercadológicos existiam, resolvi voltar para a Bahia, cuidar da minha obra e da minha raiz pois o meu interesse era outro, era discutir os interesses da arte! Tínhamos críticos sérios naquela época, posso citar vários, como Olivio Tavares de Araujo, Olney Cruse, Federico de Morais, Ferreira Gullar, Theon Spanudes, Mario Shemberg e muitos outros, voltados para a chamada Arte Brasileira, artistas que tinham singularidades e pluralidades em suas obras! A partir daí começaram a surgir críticos que olhavam mais para o que estava sendo produzido na Europa, e começaram a selecionar e influenciar em Salões Oficiais, artistas que tinham esta tendência, e se perdeu a nossa identidade, a arte ficou como "dever" escolar! Chegaram até a dizer que o Iberé Camargo era o pai do expressionismo brasileiro! As galerias por sua vez, fechadas para os novos artistas, abriam excessão apenas para aqueles que se destacavam em Salões ou eram indicados por algum crítico, sempre buscando os interesses financeiros. E assim ajudaram a chegar onde nos chegamos, a um esmagamento cultural!

Vou participar da MANIFESTAÇÃO MITOS VADIOS II por acreditar nos interesses do artista e sua produção! Por esse mesmo motivo, provoquei na FEIRA DE SÃO JOAQUIM-BAHIA, uma mostra coletiva onde a arte se destacou por sí só, em meio a verduras e uma infinidade de informações, assumindo o seu papel. Entendo que um objeto qualquer estando no seu espaço especifico como o Museu ou a Galeria, já ganha 70% de status de arte, tornando-se duvidoso.
É preciso abrir mais espaços alternativos para mostrar realmente a produção do Brasil, talvez uma Bienal de Brasileiros, mas com interesses na produção, diferenciando do que é dever escolar e isento de alguns ratos de porão!