Por Octaviano Moniz
Estou conectado. Dei uma volta pelo mundo virtual e vi que as coisas não andam nada boas para os “hermanos” cubanos. Depois que a múmia Fidel voltou das profundezas das trevas a repressão aumentou. Patológico, só fala numa irreal guerra nuclear, mas o povo pelo que acompanho na net (www.vocescubanas.com) 30 bloggers, nem pensam nisso, só em como conseguir o pão de amanhã pois Cuba está quebrada menos para Chico Buarque e Gabriel Garcia Marquez, mas não vou gastar adjetivos com 2 criminosos de guerra. Pois compactuam e divulgam na mídia o surreal.
Mas o assunto deste artigo é o modelo das Bienais mundo afora. Arte. Isso, novos-ricos, aquele “negócio” pra combinar com o sofá chiquésimo. São mais de 200 mundo afora, todas mega eventos que demandam grandes espaços e muitos artistas. Qual a finalidade? Mostrar um amontoado de artistas, com as mais varidas linguagens, técnicas e tamanhos para o córtex cerebral. Este não é capaz de apreender tamanha quantidade de informações, tão dispares apesar de ter uma temática, mas fica tão subjetivo que qualquer coisa hoje tem a capacidade de simbolizar artisticamente o que quer que seja.
Na presente Bienal de São Paulo, um grande evento midiático e econômico para a cidade, desde 1951, colocou-se como tema Arte e Política mas a arte leva ao sonho, ao delírio e política para mim pode ser um copo de água pela metade. Fui artista convidado logo tenho que ser exposto. O lugar é gigante como um Mall americano e vamos desfilando pelas lojas vendo camisetas, escarpins, xales, gravatas só que intitulam aquilo de arte. Falo da disposição das obras. O curador disse que é arte e pronto. Se você quiser questionar, mesmo sem ser um expert em Estética é considerado, não culto, leigo, out. Como a arte desde o ourinol de Duchamp, que dessacralizou a mesma, pode ser qualquer coisa acompanhada de uma bula conceitual que explique ao pobre visitante o que está vendo, uma mostra destas dimensões em nada contribui para a sua finalidade sócio-educativa. É um mega brechó onde vale-tudo e o fruidor sai com uma overdose de imagens, sem fixar nada, pois tem as filas, como gado sendo vacinado um atrás do outro, olhou, passou para o próximo e daí por diante. Será que não dá para perceber que este modelo está caduco? Quem disse isso foi Hans Ulrich Obrist, eleito em 2009 a personalidade mais importante nas artes plásticas pela revista inglesa Art Review e diretor da Serpentine Gallery, London. Ele coloca como contraponto um maior numero de eventos localizados e focados principalmente na Educação. Você compraria para uso um carro de 1951? Era pré JK? Certamente como a Bienal daria recordes de público, todos amariam entrar e dar uma olhadinha mas o carro ia viver quebrando, as peças não existiriam no mercado, gastaria muita gasolina enfim as coisas tem um tempo útil de vida tudo, inclusive a espécie humana, então por que a Bienal teria que ser eterna?
Como misturei política e arte considero meu texto uma obra e espero que a curadoria me convide para expor. Qual o problema? E mais, quero pasagem de avião, hotel 5 estrelas e ter meu texto ampliado com uma grande moldura dourada junto dos pixadores. Assim me sinto em casa. Valeu meu rei, em bom baianês!
Octaviano, OctaVADIANDO,
ResponderExcluirLi atentamente seu texto agora pela manhã, ontem minha cabeça já estava contaminada com o excesso de informações... da mída, do telefone, da TV...
Bem, preciso confessar: quando tinha meus 18/20 anos, cheguei a escrever periodicamente para o jornal HORA DO POVO, do MR8, além de ter participado clandestinamente de reuniões com o João Amazonas, pelos sindicatos da vida, na época pós ditadura, mas ainda em processo de formação da liberdade democrática. Fidel era rei. O grande timoneiro. Hoje, depois de algumas faculdades e de muitos anos de experiência na vida, vejo o quanto nós, jovens, fomos usados pelos movimentos de esquerda radical, sem termos noção alguma do que aquilo tudi representava..........era substituir uma ditadura por outra.
A tempo, salva das garras do stalinismo, ainda sob forte influência marxista, procuro observar mais e melhor cada postura, inclusive a da produção artística, o emaranhado que é o universo arrogante da crítica - seja de literatura (mais próxima a mim e uma de minhas formações) seja da crítica de arte e do presunçoso poder dos curadores. Sou curadora, entenda-se isso.
E quando falo em arte e cultura - da forma mais ampla que se possa falar, falo em processos, em formação, em ser agende cutlural - com a função de por em voga todas as representações e manifestações, solidificando uma 'tradição' no país... formando identidades (que nunca seja única).
Parabéns pelo seu texto. Identifiquei-me com ele.
Beijo enorme e estamos aí!
Rita
Achei muito interessante e corajosa ,sua postura,e tambem identifiquei-me com ela.Parabéns pelo texto!
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