quarta-feira, novembro 10, 2010

Bienal de SP continua na UTI

Por Ivald Granato

Bienal mesmo gratuita e com verba de 6M para atrair pessoas, só na parte educativa com direito a lanche, não consegue decolar. O boca-a-boca da opinião pública esvaziou a Bienal.

Não gosto de chutar cavalo morto, mas fica impossível não comentar as mais recentes noticias da 29a. Bienal de São Paulo. O presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Sr. Heitor Martins, declarou ontem à Fabio Cypriano da Folha, http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/827542-bienal-tera-45-menos-visitantes-do-que-o-esperado.shtml, que a Bienal poderá ter 45% menos visitantes do que o esperado. O motivo alegado foi a falta de planejamento quanto à logística para levar 400 mil estudantes. Faltou ônibus, disse ele. Logo em seguida, alega que foi o tempo ruim em São Paulo e a ausência de ícones modernos que possam atrair um maior publico.

A primeira justificativa depõe não apenas contra o óbvio - a falta de organização da Bienal - mas principalmente contra a capacidade de planejamento do seu presidente - estranho isso por ele goza do status de sócio-diretor de uma das mais poderosas empresas de consultoria internacional. Já a segunda justificativa, “O Tempo”, acho que nem merece comentários; ao passo que a alegação da falta de ícones modernos depõe contra a própria curadoria, o que não nos traz nenhuma novidade. Sempre soubemos da falta de pesquisa e critérios compatíveis de seleção para uma Bienal do porte da nossa.

Os organizadores também alegam que deixaram ações mais agressivas de marketing para esta reta final. Não vou me admirar se a qualquer hora ler que estão lançando a Bolsa Bienal – um troco e mais lanchinho – para atrair um maior numero de visitantes. Vamos e convenhamos, a Bienal não vai deixar de ser o fracasso que vem sendo pelo fato de se conseguir ônibus para levar meio milhão de alunos, que mais estão curtindo o passeio do que propriamente interessados na Bienal, nem tão pouco se São Pedro vai manerar na carga de chuva. Só espero que não digam ser rixa de São Pedro com São Paulo. Por favor, vamos parar com essa herança doentia de maquiar a verdade com números fictícios que não levam a nada. Querer ser maior do que A ou B, ultrapassar números e esquecer o conteúdo não leva a lugar algum. O que isso agrega? Nada. Vamos focar no objetivo maior e o que vem na seqüência passa a ser conseqüência.

Quero deixar claro que promover programas educativos para alunos vem a ser uma ação louvável e que não deveria acontecer apenas a cada dois anos para fazer número na Bienal. Deve ser uma ação continua. Uma coisa eu garanto, se a Bienal fosse formatada na verdadeira função de uma Bienal, o interesse começaria na outra ponta. Vamos nos perguntar: O que de fato motivaria educadores a levar meio milhão de alunos a visitar esta Bienal? Que obra, que conceito, e qual visão passa a ser de fato educativa, a não ser a própria ação Isolda?. Uma ação inócua que nada acrescenta não motiva ninguém, e ainda planta a semente que Bienal não leva a nada. Um desserviço de fato.