Morreu na madrugada de ontem, aos 96 anos, o pintor paulistano Hércules Barsotti, um dos principais nomes do construtivismo brasileiro. Barsotti, que há tempos enfrentava problemas de senilidade, segundo a sobrinha Renata, foi enterrado às 15 horas no Cemitério São Paulo. Ele integrou o histórico grupo neoconcreto formado pelo poeta e crítico carioca Ferreira Gullar em 1959, sendo convidado no ano seguinte pelo escultor suíço Max Bill a participar da mostra Konkrete Kunst (Arte Concreta), em Zurique. Amigos da comunidade artística que acompanharam o velório lembraram seu papel como renovador da linguagem pictórica e gráfica ao fundar, em 1954, o Estúdio de Projetos Gráficos com o escultor Willys de Castro, seu companheiro por mais de 50 anos, morto em 1988.
Foto Divulgação - Ele se manteve sempre fiel ao grupo desde sua adesão em 1959
O pintor Tuneu, que conviveu com Barsotti e Willys, sendo assistente dos dois, destacou a inteligência cromática do pintor e sua filiação à tradição colorista do alemão Josef Albers (1888-1976). Na época em que foi convidado por Gullar para integrar o movimento neoconcreto, no entanto, o pintor fazia uma pintura de superfície com faixas em diagonal e em preto e branco. Foi só em 1963 que o pintor começou a explorar novas possibilidades cromáticas, sempre fiel à figura do losango, sua marca registrada.
Discreto, Barsotti manteve-se sintonizado com os mandamentos da arte concreta a vida toda, alheio aos movimentos pictóricos surgidos depois, como a arte pop e o neoexpressionismo, embora tenha começado sua carreira nos anos 1940 como um pintor figurativo, adotando a abstração geométrica apenas em 1950. Aluno do pintor italiano Enrico Vio (1874-1960) nos anos 1920, sua formação como artista acadêmico seria importante especialmente na disciplina do desenho e da composição. Na época em que a indústria têxtil começou a incentivar a moda brasileira, nos anos 1960, ele trabalhou como design gráfico e no desenho de estamparia para a Rhodia.
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